Conforme disse na primeira parte desta matéria sobre Almost Famous, as referências ao Rock sessenta-setentista são inúmeras nesse filme.Logo no começo, quando a irmã do personagem William Miller (Patrick Fugit), Anita Miller (Zooey Deschanel) sai de casa abruptamente para ir morar com seu namorado, deixa ao irmãozinho sua coleção de discos de vinil. É muito lúdica essa cena, com o garoto manuseando as capas (Uma sucessão de capas de discos clássicos que arrancavam assovios nas sessões de cinema onde o filme era exibido) e vendo o recado manuscrito dela, o aconselhando a ouvir "Tommy" do The Who com uma vela acesa e prestando atenção na estória dessa ópera-Rock, que conta a saga do menino cego, surdo e mudo que enxerga a luz dentro de seu interior. E o garoto William acha efetivamente essa luz, ao se apaixonar pelo Rock.
A cena onde William Miller assiste entediado uma aula em sua High School, enquanto desenha nomes e logotipos de bandas de Rock é significativa. Lembro-me de ter ouvido o guitarrista Eddie Van Halen ter dito certa vez que o motivo do logo de sua banda, Van Halen, ser extremamente fácil de ser desenhado, era para que garotos pudessem desenhá-lo nos cadernos, carteiras e calças com uma simples caneta esferográfica, pois todo mundo fazia isso nas escolas do mundo inteiro e gerava publicidade espontânea. Ele tem razão, como eu mesmo atesto ter feito isso na minha adolescência na década de setenta.
"Penny Lane", a groupie interpretada pela atriz Kate Hudson, realmente existiu. Ela é a mãe da atriz Liv Tyler, fruto de sua união com o vocalista do Aerosmith, Steven Tyler.
E "Penny Lane" , é um apelido baseado numa música dos Beatles, com esse nome. Kate Hudson não deve ter tido nenhuma dificuldade para elaborar seu personagem, pois na vida real foi casada com o vocalista do Black Crowes, Chris Robinson e estava habituada com o camarim de uma banda de Rock setentista, visto que o Black Crowes surgiu no final dos anos oitenta , mas com a proposta de resgatar valores setentistas no Rock.
O crítico musical Lester Bangs, interpretado pelo ator Phillip Seymour Hoffman, realmente existiu e foi de fato, um dos maiores críticos de Rock dos Estados Unidos. Era polêmico e geralmente se envolvia em confusões, colecionando desafetos. Faleceu em 1982.
Peter Frampton faz pequenas participações como ator, além de ter colaborado na trilha, tocando as partes de guitarra do personagem Russell Hammond ( Billy Crudup),tendo assessorado Cameron Crowe nas partes de shows ao vivo e ensinado o ator Billy Crudup. Ele interpreta o empresário da banda britânica Humble Pie, onde na vida real tocou por muitos anos antes de partir para a carreira solo. Numa cena, está chegando a um hotel em New York, onde David Bowie está acabando de chegar e causando rebuliço entre fãs que o seguiam.
E numa outra cena mais emblemática, ele participa de um jogo de poker cuja a aposta são as groupies do Stillwater, como se essas moças fossem suas escravas sexuais. Esse jogo realmente aconteceu e o verdadeiro empresário do Humble Pie participou.
No filme, o jovem jornalista William Miller acompanha a turnê de uma banda fictícia ( Stillwater), mas na vida real, o jovem Cameron Crowe acompanhou o Led Zeppelin que excursionava pelos Estados Unidos em 1973, promovendo o LP Houses of the Holy e daí extraindo cenas do seu filme lançado posteriormente, The Song Remains the Same.
Um fã enlouquecido do Led Zeppelin que viaja pelo país todo seguindo a banda, aparece o tempo todo, cruzando o caminho do personagem William Miller. Esse doido realmente existiu, conforme Robert Plant teria contado à Cameron Crowe.
O Stillwater foi inventado por Cameron, absorvendo estórias de três bandas que ele adora na vida real : Led Zeppelin, Allman Brothers e Lynyrd Skynyrd.
Na cena do avião que entra em turbulência perigosamente com a banda inteira fazendo confissões uns aos outros (e as mais terríveis), o personagem Russell Hammond cantarola um trecho da música "Peggy Sue". Isso é uma referência mórbida ao guitarrista, cantor e compositor Buddy Holly, astro do Rock cinquentista, que morreu num trágico acidente de avião, no dia 3 de fevereiro de 1957. Nesse acidente, dois outros artistas famosos também morreram, Big Bopper e Ritchie Valens (Autor de "La Bamba"). Curiosamente, esse tipo de brincadeira também foi usada mórbidamente pelo tecladista da banda "Mamonas Assassinas" durante uma reportagem da MTV, na véspera do acidente em que morreu, junto a seus companheiros. Cantou "Peggy Sue" ao entrar num jatinho, fazendo menção à Buddy Holly, sem imaginar que estava muito próximo do mesmo destino.
E a piada em torno das revelações bombásticas que cada membro do Stillwater fez aos demais na iminência da morte, realmente aconteceu e teria ocorrido com o The Who. É uma das mais hilárias cenas do filme.
Uma cena lúdica e que ficou muito famosa, foi a da banda viajando de ônibus num momento em que estavam todos chateados por uma série de acontecimentos desastrosos e o baixista da banda, Larry Fellows (Mark Kozelek), começa a cantarolar uma música de Elton John. Isso quebra o gelo e todos passam a cantar. É um dos momentos mais poéticos do filme e de tão bonito, acabou virando um video-promocional que passou muito na TV . A música é "Tiny Dancer" e fala de uma bailarina que abandonou tudo para seguir um namorado que era músico de uma banda de Rock. Belíssima canção que está no LP Madman Across the Water de 1971, aliás, um excelente disco.
O personagem Ben Fong-Torres é real também. No filme foi interpretado pelo ator Terry Chen. Torres foi editor-chefe da Rolling Stone americana por muitos anos.
Outra cena emblemática do filme , é quando o guitarrista do Stillwater foge da turnê indo parar numa festa particular de fãs . Ele toma um ácido, enlouquece e no auge da loucura sobe ao telhado para gritar de braços abertos: "Eu sou um Deus Dourado", para em seguida se jogar numa piscina. Diz-se que isso teria acontecido com Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin.
A cena onde William Miller assiste entediado uma aula em sua High School, enquanto desenha nomes e logotipos de bandas de Rock é significativa. Lembro-me de ter ouvido o guitarrista Eddie Van Halen ter dito certa vez que o motivo do logo de sua banda, Van Halen, ser extremamente fácil de ser desenhado, era para que garotos pudessem desenhá-lo nos cadernos, carteiras e calças com uma simples caneta esferográfica, pois todo mundo fazia isso nas escolas do mundo inteiro e gerava publicidade espontânea. Ele tem razão, como eu mesmo atesto ter feito isso na minha adolescência na década de setenta.
"Penny Lane", a groupie interpretada pela atriz Kate Hudson, realmente existiu. Ela é a mãe da atriz Liv Tyler, fruto de sua união com o vocalista do Aerosmith, Steven Tyler.
E "Penny Lane" , é um apelido baseado numa música dos Beatles, com esse nome. Kate Hudson não deve ter tido nenhuma dificuldade para elaborar seu personagem, pois na vida real foi casada com o vocalista do Black Crowes, Chris Robinson e estava habituada com o camarim de uma banda de Rock setentista, visto que o Black Crowes surgiu no final dos anos oitenta , mas com a proposta de resgatar valores setentistas no Rock.
O crítico musical Lester Bangs, interpretado pelo ator Phillip Seymour Hoffman, realmente existiu e foi de fato, um dos maiores críticos de Rock dos Estados Unidos. Era polêmico e geralmente se envolvia em confusões, colecionando desafetos. Faleceu em 1982.
Peter Frampton faz pequenas participações como ator, além de ter colaborado na trilha, tocando as partes de guitarra do personagem Russell Hammond ( Billy Crudup),tendo assessorado Cameron Crowe nas partes de shows ao vivo e ensinado o ator Billy Crudup. Ele interpreta o empresário da banda britânica Humble Pie, onde na vida real tocou por muitos anos antes de partir para a carreira solo. Numa cena, está chegando a um hotel em New York, onde David Bowie está acabando de chegar e causando rebuliço entre fãs que o seguiam.
E numa outra cena mais emblemática, ele participa de um jogo de poker cuja a aposta são as groupies do Stillwater, como se essas moças fossem suas escravas sexuais. Esse jogo realmente aconteceu e o verdadeiro empresário do Humble Pie participou.
No filme, o jovem jornalista William Miller acompanha a turnê de uma banda fictícia ( Stillwater), mas na vida real, o jovem Cameron Crowe acompanhou o Led Zeppelin que excursionava pelos Estados Unidos em 1973, promovendo o LP Houses of the Holy e daí extraindo cenas do seu filme lançado posteriormente, The Song Remains the Same.
Um fã enlouquecido do Led Zeppelin que viaja pelo país todo seguindo a banda, aparece o tempo todo, cruzando o caminho do personagem William Miller. Esse doido realmente existiu, conforme Robert Plant teria contado à Cameron Crowe.
O Stillwater foi inventado por Cameron, absorvendo estórias de três bandas que ele adora na vida real : Led Zeppelin, Allman Brothers e Lynyrd Skynyrd.
Na cena do avião que entra em turbulência perigosamente com a banda inteira fazendo confissões uns aos outros (e as mais terríveis), o personagem Russell Hammond cantarola um trecho da música "Peggy Sue". Isso é uma referência mórbida ao guitarrista, cantor e compositor Buddy Holly, astro do Rock cinquentista, que morreu num trágico acidente de avião, no dia 3 de fevereiro de 1957. Nesse acidente, dois outros artistas famosos também morreram, Big Bopper e Ritchie Valens (Autor de "La Bamba"). Curiosamente, esse tipo de brincadeira também foi usada mórbidamente pelo tecladista da banda "Mamonas Assassinas" durante uma reportagem da MTV, na véspera do acidente em que morreu, junto a seus companheiros. Cantou "Peggy Sue" ao entrar num jatinho, fazendo menção à Buddy Holly, sem imaginar que estava muito próximo do mesmo destino.
E a piada em torno das revelações bombásticas que cada membro do Stillwater fez aos demais na iminência da morte, realmente aconteceu e teria ocorrido com o The Who. É uma das mais hilárias cenas do filme.
Uma cena lúdica e que ficou muito famosa, foi a da banda viajando de ônibus num momento em que estavam todos chateados por uma série de acontecimentos desastrosos e o baixista da banda, Larry Fellows (Mark Kozelek), começa a cantarolar uma música de Elton John. Isso quebra o gelo e todos passam a cantar. É um dos momentos mais poéticos do filme e de tão bonito, acabou virando um video-promocional que passou muito na TV . A música é "Tiny Dancer" e fala de uma bailarina que abandonou tudo para seguir um namorado que era músico de uma banda de Rock. Belíssima canção que está no LP Madman Across the Water de 1971, aliás, um excelente disco.
O personagem Ben Fong-Torres é real também. No filme foi interpretado pelo ator Terry Chen. Torres foi editor-chefe da Rolling Stone americana por muitos anos.
Outra cena emblemática do filme , é quando o guitarrista do Stillwater foge da turnê indo parar numa festa particular de fãs . Ele toma um ácido, enlouquece e no auge da loucura sobe ao telhado para gritar de braços abertos: "Eu sou um Deus Dourado", para em seguida se jogar numa piscina. Diz-se que isso teria acontecido com Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin.
Luiz Domingues
Na cena em que Willian Miller conversa ao telefone com Lester Bangs, ele olha para a parede onde está afixado um poster do Stillwater. Essa foto promocional da banda foi tirada inspirada na contra-capa do LP duplo ao vivo, "At Fillmore East", do Allman Brothers Band.
Almost Famous é um dos melhores filmes baseados no Rock, misturando várias passagens verdadeiras da biografia de diversos astros reais.
Venceu o Oscar de 2001 por melhor roteiro original e diversos outros prêmios internacionais importantes.
Tem excelente trilha, fotografia, direção de arte e figurinos. Boas interpretações de atores e um grande mérito raro no cinema, ao retratar a estória pessoal do próprio diretor numa outra atividade e de forma precoce, que aliás realizou muito bem, como crítico de Rock na sua vida real.
Na cena em que Willian Miller conversa ao telefone com Lester Bangs, ele olha para a parede onde está afixado um poster do Stillwater. Essa foto promocional da banda foi tirada inspirada na contra-capa do LP duplo ao vivo, "At Fillmore East", do Allman Brothers Band.
A personagem Penny Lane foi baseada na groupie Bebe Buel. Assim, o vocalista do Stillwater se chama Jeff Bebe, para fazer essa referência (Interpretado pelo ator Jason Lee (Vários filmes, incluso com o Cameron Crowe na direção, como Vanilla Sky por exemplo e famoso também pela série de TV, "My name is Earl").
Almost Famous é um dos melhores filmes baseados no Rock, misturando várias passagens verdadeiras da biografia de diversos astros reais.
Venceu o Oscar de 2001 por melhor roteiro original e diversos outros prêmios internacionais importantes.
Tem excelente trilha, fotografia, direção de arte e figurinos. Boas interpretações de atores e um grande mérito raro no cinema, ao retratar a estória pessoal do próprio diretor numa outra atividade e de forma precoce, que aliás realizou muito bem, como crítico de Rock na sua vida real.
Recomendo ver e rever...
Luiz Domingues - Músico
Com esse texto bem elaborado e explicativo, vai despertar a vontade de assistir ou rever novamente o filme! Valeu Luiz! =)
ResponderExcluirObrigado, Katia !
ExcluirQue bom que eu tenha tido a felicidade de lhe estimular a rever o filme.
Valeu !!
eu ainda não assisti,com certeza depois de ler esse ótimo texto,irei ver e rever muitas vezes,thanks Luiz!
ResponderExcluirFaço votos que assista o quanto antes, Kim. Trata-se de um grande filme que vale a pena ser visto e revisto !
ExcluirEu é que lhe agradeço !!
Levantou vários pontos interessantes sobre o filme. Parabéns pelo texto! :)
ResponderExcluirObrigado, Luciana !
ExcluirFico contente que tenha gostado de saber detalhes sobre essa produção.
Parabéns Luiz, mais uma vez mandou muitíssimo bem no texto!
ResponderExcluirA trilha sonora é muito boa e destaco a zepeliniana "Fever Dog" do fictício Stillwater.
Carlinhos Machado
Muito bem lembrado, Carlinhos !
ExcluirA trilha é caprichada, mesmo porque o Peter Frampton cuidou dessa parte, muito bem.
Eu sou completamente alucinada por esse filme, e totalmente apaixonada pelo trabalho do Cameron Crowe. O filme é brilhante, o roteiro é brilhante e o elenco está incrível.
ResponderExcluirPra quem ama rock and roll esse filme é um presente, e pra quem não ama, vai acabar amando depois de assistir.
Grazzi, que legal o seu depoimento. Eu também sou um entusiasta dessa produção, da qual já vi várias vezes e nunca me canso.
ExcluirCara massa esclareceu muitas coisas sobre esse filme muito bom msm...
ResponderExcluirQue legal, Jorge !
ExcluirE pelo que te conheço, esse filme é a sua cara, com o som da época que você se espelha para trabalhar com a sua banda.
Obrigado !!
Sensibilidade e preciosa atenção, tais virtudes são essenciais para compreensão e deleite desta bela obra cinematográfica. Os detalhes entrelaçados sobres a vírgulas e curiosidades deste filme, nos transfere a um estado de reflexão e paixão, mediante aos fatos nostálgicos de uma época de transformações e mudanças, e é claro, da celeste importância da amizade. Vale principalmente conferir, a versão do diretor, onde esta encontra-se ainda mais dotada de precioso recheio.
ResponderExcluirTem razão, Altieris ! A versão do diretor é um capricho. E no DVD, tem os extras sensacionais com cenas deletadas, que só não entraram na edição final por motivo de espaço. Tem uma, do jovem tentando convencer a mãe a deixá-lo seguir em turnê com o Stillwater, na qual a faz ouvir "Stairway to Heaven" do Led Zeppelin, inteira, no afã de que ela entenda a música no seu caráter libertário, como ele a entende. É hilário, mas também pungente, pois quem ouve o Rock com os nossos ouvidos de Rockers, sente diferente a força das músicas.
ExcluirNossa,fiquei ansiosa para ver esse filme!!!
ResponderExcluirEssa coisa de tudo ter um pouco do real,me fascinou!
O conselho da irmã para o irmão ouvir Tommy com uma vela acesa,homenageando a busca pela luz interior...e quando tu diz que ele achou a luz na paixão pelo rock,já é um motivo bem forte para que eu assista!
valeuuuu Luiz,contigo é sempre uma leitura instrutiva e super agradável! beijOssss
Krys : O mais bacana desse filme, é que se trata da história real do próprio diretor, Cameron Crowe. Ele foi o crítico de Rock precoce e realmente entrevistou os maiores nomes do Rock setentista, com uma tenra idade. Emocionante portanto, também por isso.
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