A Imortalidade dos Bravos:
Cada geração tem seus mitos; nem cheguei aos 40 e quase, quase lamento a ausência de uma bando de gente interligado à minha, e à "história" de vida, de cada um de nós. Naturalmente, Fred Mercury é uma dessas "figurinhas' fáceis de se encontrar no enredo de qualquer um vivente da era "d.Q"(depois do Queen). Resumi o vocalista, num pensamento postado em meu mural. E o fiz lembrando que, eu era pouco mais que uma criança, assistindo "o lançamento internacional da semana" via Fantástico, o Queen e seu novo sucesso; "era dos clipes"... e o roqueiro musculoso, saradaço, ali, extrovertido e à vontade, de peruca, bigode, mini-saia, "tetas falsas" sob uma camiseta coladinha rosa, piscando pra mim com um aspirador de pó nas mãos...A maturidade futura revelou o que a inocência da ocasião vendava, claro...
E o que caracteriza, implícito naquele clipe, é que ELE ERA EXTRAORDINARIAMENTE profissional atá para lidar com suas opções de vida pessoais. É notória a fama das suas festas, e o que rolava; e as sentadas que os colegas da banda davam, e com razão! E aí vem a distinção. Quando refreado, a vaidade de ícone cedia espaço à humildade de se reconhecer que ele era humano, passível de correições! Isso é lindo! "Errar? Quem não erra? Assumir que está em erro? Façamos a lista dos poucos!"
Postei, portanto, sobre o limite, e a responsabilidade do artista perante o público:
" Há um limiar para o artista...o diferencial dentre bons e maus é esse limiar! Declarar sem vulgarizar, defender sem atacar, se mostrar sem afrontar; é assim que o ESPÍRITO e a MENSAGEM de um HOMEM se imortaliza, independente de raça, credo ou qualquer outra opção!"
Foi o que senti hoje, revendo o clipe, e em preparo para "resenhar". Ele precisava, estava pedindo licença para se libertar das amarras, em ocasião oportuna, antes que a sua liberdade de escolha e feitos se tornasse artilharia pesada não apenas contra ele, mas, "praquele bando de macho" que compunha a banda, junto com ele! E tem de ser muito macho pra se travestir, ao lado de um companheiro gay, sem se afetar pela maledicência pública.
Filosofando à la Queen, diria eu que, "houve tempo e chance para que ELES, em especial nosso ídolo espectral, construíssem suas catedrais de sonhos, para que soubessem o quão salgada é uma lágrima, ou para tocarem com os dedos o mundo real, erigido no imaginário de cada fã.
Se há alguém que queira viver para sempre, amar eternamente, inda que o amor de sua vida quebre seu coração, sem saber o significado, e a intensidade, com que se pratica o ato de sentir...Se há alguém assim? Já houve! E deu nisso; temos de conviver com a perpetuidade de um Imortal Debochado...ironizando as marcas dos anos em nós, enquanto a juventude atrelada aos seus bigodes, recusou-se a deixá-lo; e embora sem rugas, inda assim ele o é, e se manterá, atemporal, para nos rememorar o amor de ídolo ao qual faz jus, e vanguardista, o suficiente para manter-se como estandarte de conquista de espaço social a qualquer um que se sinta discriminado, sem com isso precisar denegrir a si, ou impôr-se a ninguém. Fred, sua ex-esposa, seu ex-companheiro, O QUEEN, representam sim, lutadores do dia seguinte; lutadores remanescentes das batalhas do dia anterior, daquelas batalhas em que nada foi decidido ou findado, mas as baixas e as feridas latejam enquanto a guerra da vida continua...
Eles se saíram, e continuam se saindo bem. Se de fato havia um desafio em seus mundos privados, as braçadas no mar de rosas sangraram o corpo nos espinhos circunstanciais, mas não a mente desses campeões, representantes que são de todo e qualquer dramalhão que descreve a saga da raça humana.
Flávia Neves
www.escritoraflavianeves.com.
muito legal flavia !!!! bj chris
ResponderExcluirO som deles era muito bom! Foi uma das primeiras coisas que eu ouvi, quando moleque!
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