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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Privilege, Triunfo da Verdade ?


                                                     Por  Luiz Domingues - Músico
Peter Watkins não tinha o mesmo prestígio que Tony Richardson, Jack Clayton, Ken Russell e John Schlesinger, outros diretores de cinema, tinham na Inglaterra nos anos sessenta.

 
Até que realizou "Privilege", em 1967 e...continuou não tendo.
 
Contudo, com o passar dos anos, a aura desse filme só cresceu, tornando-o "cult" para cinéfilos, Rockers e garimpeiros sessentistas em geral.
 
A estória mistura muitos conceitos, certamente pesados e com isso faz do filme uma produção densa, difícil de digerir.
 
Não significa no entanto, que não tenha seus momentos de beleza, principalmente nos números musicais, ótimos.
 
Steven Shorter (interpretado pelo cantor/ator Paul Jones), é um cantor pop. Sua voz, seu carisma e sua expressiva liderança subliminar, hipnotizam a juventude. Garotas sonham com ele, gritam e descabelam-se à simples menção de seu nome.
 
Qualquer semelhança com a Beatlemania em voga à época da produção de "Privilege", evidentemente não é mera coincidência.
 

Envolto num maquiavélico plano secreto de manipulação por parte do governo britânico, Steven protagoniza uma falsa conversão à Igreja Católica.
 
É inevitável não pensar na obra "1984" de George Orwell e seu conceito de domínio e vigilância total por parte de um poder centralizado e que oprime pela massificação hipnótica.
 
Em cenas espetaculares que lembram muito o documentário clássico de Leni Riefenstahl, "Triumph des Willens" ("O Triunfo da Vontade" - usado como propaganda do Nazismo), evocam sentimentos nacionalistas, misturando orgulho britânico e movimento Mod em doses cavalares.
 
E o auge da estória se dá quando Steven Shorter se rebela contra a manipulação e num evento público, revela o seu descontentamento e ódio ao sistema, causando um grande tumulto e comoção.
 
Outro trunfo da película, é a presença da belíssima Jean Shrimpton (como Vanessa Ritchie, a secretária de Steven Shorter). Jean era o rosto mais famoso da Inglaterra e um dos mais da Europa, (ao lado de Twiggy). Modelo famosíssima e desbravadora de costumes, era ícone da Swinging London.
Paul Jones era cantor de ofício e dos bons. Muita gente não sabe, mas ele foi convidado para ser o vocalista de uma banda que os então jovens Keith Richards e Brian Jones estavam formando em Londres, no início dos anos sessenta. Com sua recusa, seduzido por outros projetos, os dois jovens guitarristas chamaram então a segunda opção no caderninho de anotações , um certo Mick Jagger...
 
Fez boa figura como vocalista do ótimo "Manfred Man", mas preferiu seguir carreira solo, além de várias participações como convidado de outros artistas, até se tornar ator, onde construiu uma boa carreira, também.
 
"Privilege" é um bom filme, que embora misture conceitos pesados
e de certa forma perigosos, é também um triunfo da cultura pop dos anos sessenta. 



   

5 comentários:

  1. Não conheço o filme,fiquei muito interessado...ótimo texto Luiz,abraço!

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    1. Kim, recomendo que o veja. É um interessante filme sobre a manipulação política por trás de um ídolo pop.

      Obrigado por ler, comentar e elogiar !

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  2. A atualidade desse filme é impressionante. Devia ser obrigatório... Aliás, é obrigatório a todos que tem um pouco de senso crítico sobre essa sociedade nojenta que vivemos hoje. Parabéns ao Domingues pela análise!

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    1. Muito bem observado, Barata ! A temática do filme não envelheceu após 45 anos. Vivemos ainda em meio à todo tipo de manipulações sócio-políticas, corporativas e midiáticas por trás da arte mainstream.

      Obrigado por ler, comentar e elogiar !

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    2. Verdade, Barata Cichetto !!

      Nunca houve tanta manipulação por detrás da música Pop mainstream. "Privilege" ficou atemporal também por esse aspecto.

      Obrigado por ler e comentar !!

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