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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Phantom of the Paradise - Por Luiz Domingues





Numa soma de influências, da literatura a cinema clássico, Brian de Palma realizou um dos filmes mais loucos com o mote do Rock alinhavando tudo, ao lançar em 1974, : "Phantom of the Paradise" (O Fantasma do Paraíso)


Fracasso retumbante de crítica e de público à época (Com excessão da cidade de Winnipeg / Canadá, onde ficou em cartaz por mais de um ano e vendeu mais de 20 mil cópias do LP, com a trilha sonora), o filme foi ganhando status de cult à medida que envelheceu, agradando Rockers, fãs de literatura e cinéfilos, tamanha a profusão de referências misturadas desses ramos em seu enredo.


Winslow Leach (William Finley) é um jovem compositor que vislumbra uma chance de ascender na carreira, ao ser abordado por um executivo da gravadora "Death Records", cujo dono é o enigmático "Swan" (Paul Williams), que o convida a levar seu material à sede da gravadora.




Uma vez em suas dependências, tem suas partituras roubadas sumáriamente e é escorraçado do edifício.


Revoltado, invade o teatro onde estão sendo realizados testes para cantoras num espetáculo patrocinado por Swan e verifica que sua música surrupiada, será usada sem cerimônias e para piorar as coisas, se apaixona pela principal candidata, Phenix (Jessica Harper).


Percebendo a presença de Winslow no teatro, asseclas de Swan o capturam e plantam provas falsas para incriminá-lo como traficante de drogas. Ele é preso e sentenciado a cumprir prisão perpétua em Sing-Sing onde é submetido à um programa subsidiado pela própria fundação Swan e tem seus dentes arrancados brutalmente, obrigando-o a usar uma horrível dentadura de dentes de aço.


Conformado com seu destino, ouve na prisão o anúncio de que a banda "Juicy Fruits" acabou de lançar um álbum com as suas músicas e enlouquecido, foge da prisão para num ato de loucura, tentar sabotar a fábrica de discos. Mas um terrível acidente o deforma completamente, além de ter suas cordas vocais arruinadas, esmagado por uma pesada prensa ardente.


Dado como morto pela imprensa, sobrevive no esgôto da cidade e assume um visual aterrorizante, com capa e máscara com feições de pássaro.


Ele sabota o carro da banda "Juicy Fruit" com uma bomba e Swan descobre sua identidade.


O perverso Swan monta então um ardil, onde convence Winslow, agora conhecido como "The Phantom", a parar com seu plano de vingança e o contrata como compositor e arranjador. The Phantom faz então um contrato assinado com sangue com Swan e exige a presença da cantora Phenix, sua paixão, como principal cantora no espetáculo de inauguração do teatro.


Mas Swan rompe o contrato, e coloca no seu lugar um ridículo cantor glam ("Beef", interpretado por Gerrit Graham), sem a menor condição, no lugar da cantora.
Sem saber disso, The Phantom conclui a obra "Fausto" e os asseclas de Swan mais uma vez roubam suas partituras e trancam-no no estúdio, com o objetivo de que morra ali.


Mais uma vez traído,The Phantom enlouquece e consegue escapar, passando a assombrar o teatro.
Aborda "Beef" durante o seu banho, ameaçando-o caso Phenix não seja efetivada como cantora.


E no dia da estréia, contrariado, mata o vocalista "Beef", eletrocutando-o com uma placa de neon, diante do público que fica extasiado, julgando ser um efeito proposital do show.
Swan seduz Phenix e The Phantom, desolado, tenta o suicídio com um punhal, mas não morre. Swan lhe diz cínicamente que o contrato assinado anteriormente o obriga a viver eternamente a não ser que ele, Swan, morra primeiro, mas faz a ressalva de que ele jamais morrerá, pois também está sob contrato...


Desesperado, The Phantom descobre que Swan fizera pacto com o Diabo e jamais morreria e envelheceria.
Então, descobre que a única maneira de destruir Swan, seria arruinando um video-tape que servia de contrato entre Swan e o Diabo.


Swan e Phenix vão se casar durante o espetáculo e The Phantom destrói todas as fitas com rapidez, pois sabe que Swan planeja matar Phenix para se apoderar de sua voz.


Enfraquecido pela queima dos filmes, Swan tem sua aparência envelhecida rápidamente e The Phantom o golpeia de forma mortal, mas seu destino também é morrer, pois seu contrato também fora rompido.


Phenix se desespera, em meio ao frenesi do público, que atônito, confunde os crimes com efeitos do show. E a tragédia marca o fim do filme.


As referências foram múltiplas : Fausto/Mefistófeles de Goethe (o pacto de riqueza vendendo a alma ao Diabo); O Fantasma da Ópera, de Gaston Leroux ( o compositor deformado e roubado que se vinga assombrando os bastidores de um espetáculo operístico); O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde (o pacto de juventude e beleza eterna com o Diabo, transferindo a decrepitude à uma imagem, no caso do filme, ao invés de um quadro, os video-tapes), O Gabinete do Dr. Caligari (os membros da banda "Undead", vestidos como o "Sonâmbulo", do filme expressionista alemão), Frankenstein (após e eletrocução, pedaços do cantor "Beef" espalhados, são reagrupados e formam um Ser) e Psycho ! (a cena do The Phantom ameaçando o cantor "Beef", remete ao filme de Alfred Hitchcock).


A trilha sonora foi composta por Paul Williams e Sissy Spacek, ainda não famosa como atriz, trabalhou com figurinista, pois era namorada de Jack Fist, produtor adjunto e estouraria logo a seguir nas mãos do próprio Brian De Palma, como a paranormal "Carrie".


A cena onde Winslow/The Phantom é deformado numa prensa fonográfica, foi perigosíssima e Brian fez de tudo para filmá-la em take único, minimizando o risco para o ator William Finley.


A parte onde The Phantom trabalha num estúdio, foi filmada no The Record Plant, um estúdio verdadeiro e onde ínumeros artistas importantes da história do Rock gravaram (John Lennon, Elton John, David Bowie, Elvis Presley, The Who, CSNY, Frank Zappa, Queen, Aerosmith etc etc).


As cenas de Teatro, foram filmadas no Teatro Majestic, de Dallas, Texas. Segundo consta, a produção do filme disparou um alarme usado para agrupar gado e todas as pessoas que entraram no teatro à esmo motivadas por esse barulho ensurdecedor, foram convidadas a participar como extras.


Apesar da salada incrível de referências que Brian De Palma misturou, "Phantom of the Paradise" é um filme interessante e com boas canções na trilha. Se não dá para ser levado a sério, é ao menos diversão certa !







2 comentários:

  1. poxa Luiz que texto legal,acho que foi um dos primeiros filmes de rock que eu vi,só me lembro que era muito louco e eu gostei muito,A trilha sonora foi composta por Paul Williams e Sissy Spacek? uau dessa eu não sabia...se eu encontrar esse filme eu compro :) parabéns mais uma vez pelo seu excelente texto,abraço!

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    1. Pois é, Kim !! Essa da Sissy Spacek ter tido crédito nas composições da trilha sonora, pode ter sido uma forçação de barra de seu então namorado, Brian De Palma, o diretor do filme. Talvez tenha dado um pitaco numa letra ou coisa assim e isso tenha justificado o seu nome incluso nos créditos.

      Mas veja bem, eu não tenho nenhuma prova cabal para afirmar o que disse, portanto, que ela me perdoe se escreveu letras inteiras e partituras das canções...

      De fato, um filme muito louco dos anos setenta.

      Obrigado por ler e comentar !

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