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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SWEETWATER...UMA HISTÓRIA REAL !

Enviado por Luiz Domingues - músico
Imagine entrar no palco do festival de Woodstock e ser a primeira banda a se apresentar, diante de 500 mil pessoas, quando a previsão inicial dos produtores, previa que seria um público muito menor...

Foi o que aconteceu com a banda californiana Sweetwater, que subiu ao palco logo após a performance de Richie Havens.

E por um enorme infortúnio, essa performance não entrou no filme, tirando da banda a oportunidade de estourar em escala mundial.

Em 1999, o canal VH1 resolveu investir no filão de filmes biográficos de artistas do Rock e a estória trágica do Sweetwater foi a escolhida para ser a primeira produção dessa leva de filmes, que a emissora batizou de "Movies That Rock". E assim resolveram iniciar pela estória dessa banda, dando ao filme o título de : "Sweetwater, a True Rock Story"(no Brasil, foi batizado de : "Sweetwater, na Estrada do Rock").

O filme abre nos tempos modernos (final dos anos 1990), com uma sugestão de pauta para um programa jornalístico : o que teria acontecido com a banda que esteve em Woodstock e não "estourou" ? Numa autêntica metalinguagem com a própria função do filme e do papel da VH1.

A jornalista investigativa Cami Carlson (interpretada por Kelli Williams), sai a campo tentando achar o paradeiro dos membros do Sweetwater e principalmente da vocalista, Nanci Nevins.

Encontra o tecladista Alex Del Zoppo (Interpretado quando mais velho por Frederick Forrest -The Rose) e este agora trabalhando como empreiteiro, está cheio de mágoas e demora a aceitar a entrevista. Recusando-se a falar sobre o fim da banda, prefere falar do início.

Começa então o flashback que nos remete aos anos sessenta. Toda a estória real é contada sem grandes mudanças. O começo em apresentações insípidas, o momento em que conhecem Nanci Nevins (interpretada quando jovem por Amy Jo Johnson), que ainda menor de idade, tinha problemas para se apresentar em casas noturnas e sobretudo pela resistência de sua mãe, que era frontalmente contra sua filha estar se envolvendo com aquele bando de cabeludos etc e tal.

Os primeiros ensaios, shows, as primeiras oportunidades que surgem então, com o Sweetwater abrindo grandes nomes do Rock sessentista, como Grateful Dead, Jefferson Airplane, Jimi Hendrix, The Doors, Cream, Spirit e outros tantos, incluso Janis Joplin.
E aí surge o convite mastodôntico para participar do festival de Woodstock, o que catapultaria a banda ao mega estrelato, sem dúvida.

Contudo, um lamentável acidente automobilístico, deixou Nanci Nevins sem voz por um longo período e então, vendo que a banda passava por esse hiato, os produtores do filme oficial do festival suprimiram o Sweetwater da edição final, fazendo-os perder o bonde da história.

Daí, o filme retrata os momentos difíceis vividos por Nanci Nevins, sua lenta recuperação e a frustrada tentativa de seguir carreira solo, muitos anos depois.

Voltando ao presente, a repórter consegue convencer Nanci Nevins (interpretada quando mais velha, pela atriz-cantora Michelle Phillips) a prestar depoimento e após muita resistência, se reconciliar com seus velhos companheiros.

Apenas nesse detalhe, uma ligeira licença poética, a estória foi adocicada pois na vida real, o Sweetwater se reuniu oficialmente para participar do festival de Woodstock de 1994, comemorativo dos 25 anos da edição do original. E embalou nessa volta, existindo até hoje, inclusive tendo lançado alguns trabalhos novos.

A atriz Amy Jo Johnson cantou com sua voz os números do Sweetwater no filme, pois é cantora na vida real. E a escolha de Michelle Phillips para interpretar Nanci Nevins quando mais velha, também foi uma grande sacada da VH1, pois ela foi um ícone sessentista como cantora, no The Mamas and the Papas e contemporânea da Nanci Nevins verdadeira.

O filme teve uma audiência extraordinária, batendo o recorde da emissora e trazendo toda uma nova geração a se interessar pelo trabalho da banda.

Muito boa a produção, com figurino, direção de arte e ambientação sessentista fidedigna. A trilha sonora é sensacional com o som do Sweetwater, cheio de elementos folk, misturados a um sofisticado groove jazzístico e pincelados por doses maciças de psicodelia, além do uso de bastante percussão, conferindo-lhe elementos latinos. E o fato exótico de ter um violoncelista como membro fixo, trazia também uma certa pitada de música erudita ao trabalho.

Músicas clássicas do repertório do Sweetwater, como "Motherless Child", "What's Wrong", "In a Rainbow" e "Why oh Why", entre outras, abrilhantam o filme.

Recomendo assisti-lo e pesquisar sobre o Sweetwater real, posteriormente.

Trechos do filme:
http://www.youtube.com/watch?v=q3K9A6qxhqU&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=xsUon8JXwbo&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=byKHeDMfppg

http://www.youtube.com/watch?v=4tN03rjIa94

16 comentários:

  1. Texto ultra importante para a memória do festival Woodstok!
    Parabéns Luiz!!

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    1. Katia, mais que uma memória de Woodstock, relembrar o Sweetwater é fazer justiça à uma banda que ficou no limbo da história, por puro azar.

      Obrigado !!

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  2. otimo texto Luiz,dessa vez voce me surpreendeu,eu não conhecia a historia da Sweetwater nem a Banda,é a que toca ao fundo? se for é muito boa,eles foram barrados no Baile da historia do rock literalmente,graças a iniciativa da VH1 e a vc eles não cairam no esquecimento rsr...obrigado por mais um pouco de sabedoria musical Mestre,abraços amigo! :)

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    1. Isso aí, Kim !

      O Sweetwater foi barrado na história do Rock. Sua observação foi precisa.

      Também achei sensacionaol o VH1 resgatar essa estória da história...

      Obrigado por ler, comentar e conhecer o ótimo trabalho dessa banda sessentista, de musicalidade refinada.

      Abraço, amigo !

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  3. Provavelmente uma historia que inspirou o"Quase famosos" e "Ainda muito louco",este último que eu amo de paixão,comprei por miseros 9,90 na saraiva mega store.Vou correr atras desse vídeo que deve ser magnífico.Valeu Luiz Domingues....

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    1. Não saberia te dizer se a estória real do Sweetwater inspirou os demais que citou. Pode ser, mas sinceramente não li ou ouvi ninguém afirmando isso categóricamente.

      A despeito disso, trata-se de um bom filme e a estória por ser real se sustenta com dramaticidade suficiente, apesar do baixo orçamento, caracterizando-o praticamente como um TV Movie.

      Eu é que lhe agradeço pela leitura e comentário !

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  4. Já tive a oportunidade de assistir a esse filme e posso garantir a quem não o conhece: vale realmente muito a pena assistir! Grande filme. Quanto ao Luiz, elogiá-lo por seus belos textos é chover no molhado.... Mais um grande trabalho do nosso mestre.....

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    1. Legal ter postado o seu adendo, Marinho. Realmente você está certo e vale mesmo a pena assistir esse filme.

      Obrigado !!

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  5. Um gigante adormecido, contudo jamais esquecido.

    E como diria Fernando Pessoa :

    “- Todo homem que tenha que talhar para si um caminho para o alto, encontrará obstáculos incompreensíveis e constantes."

    Sejamos fortes como as pedras, maiores que os obstáculos e tão flexíveis como os sonhos.

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    1. Esse aforismo de Fernando Pessoa, cabe como uma luva ao pessoal do Sweetwater. Obstáculos incompreensíveis é que não faltaram na carreira deles, principalmente para Nancy Nevins.

      Sempre brilhante em seus comentários !!

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  6. Eu assisti esse filme diversas vezes no canal TNT!

    É uma grande historia, a Amy Jo Johnson canta muito bem e as músicas ficaram perfeitas na voz dela.

    Mereciamos um relaçamento em DVD desse filme.

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    1. Pois é, Fernando. Tem passado em canais de TV a cabo, mas desconheço a existência de lançamento em DVD no Brasil. Só deve existir disponível a versão americana, portanto sem legendas em português e talvez com a possibilidade de espanhol.

      Obrigado por ler e comentar !

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  7. Texto ótimo.
    Agora tenho um bom motivo para assistir ao filme.

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    1. Excelente !!

      Esteja convidada a assistir. Trata-se de uma produção modesta, mas bem feita e fidedigna á estória real e trágica da banda e sua vocalista, Nanci Nevens.

      Obrigado !

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  8. Puxa vida... Essa ideia de chegar perto deve ser pior do que nunca conseguir talvez. Vou conferir esse filme.

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    1. Edvander : Você tocou num ponto que é agoniante ! Equivale aganhar na loteria e descobrir que não fez o jogo na casa lotérica...

      Abraço !

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