A música sertaneja é, indiscutivelmente, um fenômeno cultural que se propõe a exaltar as raízes brasileiras. Infelizmente, este fenômeno, foi desapropriado de sua antiga função e rearticulado pela indústria musical. A musicalidade foi completamente descaracterizada e mesclada com elementos do country americano e daquilo que podemos chamar genericamente de “música romântica”.
Letras insossas, descabidas e, sobretudo, de uma pieguice incomum povoam o repertório da nova música sertaneja. O que, todavia, intriga é o subtítulo deste gênero: universitário. A expansão das universidades brasileiras é um fenômeno recente, decorrente, fundamentalmente, da ascensão e do crescimento da classe média. A proliferação de instituições de ensino superior é paralela, evidentemente, ao ingresso da população na universidade.
Entretanto, a universidade não fornece um suporte cultural condizente as perspectivas e aos anseios de uma sociedade que deseja instrução. Isto se deve, principalmente, pela massificação do ensino. A universidade perdeu seu caráter universal. Sua função é criar técnicos, que relegados a própria sorte apropriam-se dos bens culturais de consumo de massa, sem o menor senso crítico. Deste modo, podemos observar o alvorecer do sertanejo universitário e de outros gêneros de semelhante envergadura (ou cavalgadura).
Mas, nada é assim tão ruim que não possa piorar. Discute-se no senado uma nova lei que pretende tornar facultativo no magistério superior as titulações de mestre e doutor. Bom, se o ensino superior deixa a desejar em diversos aspectos principalmente no que se refere a cultura geral, podemos imaginar o que ocorrerá com a formação específica. Segue o link do senado com o projeto de lei: http://www.senado.gov.br/ atividade/materia/detalhes. asp?p_cod_mate=97871
Para todos aqueles que possuem pelo menos o mínimo de senso crítico deixo o link da petição pública contrária a proposta:
Rafael Fernando Hack: Doutorando em Filosofia
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