Texto enviado pelo meu amigo Luiz Domingues, músico em São Paulo.
Em 1968, a sitcom "The Monkees" foi cancelada, apesar da enorme popularidade, pois os produtores se cansaram das reivindicações dos quatro atores. Por que ? Pois a série fora criada para retratar uma banda fictícia de Rock e para tanto contrataram quatro atores com alguma musicalidade, claro, mas a ideia era usar as canções criadas por compositores de aluguel e músicos de estúdio para gravá-las.
Só que o sucesso fugiu ao controle de todos e criou entre os quatro atores, o sentimento de que poderiam mesmo ser uma banda, compor e seguir carreira na música por seus próprios méritos.
Dessa forma, o clima ficou insustentável, motivando o cancelamento da série (Infelizmente, pois era absolutamente hilária. Posso afirmar até exagerando, que The Monkees era uma espécie de The Marx Brothers, ambientado na loucura do Rock sessentista).
Passando a compor e cuidar de seus próprios discos, ficaram no entanto sem o veículo da TV e então surgiu a ideia de produzirem um longa-metragem.
Nessa altura, estavam muito enturmados com a fina flor do Rock e do cinema alternativo e amparados pela fama incontestável alcançada na TV, rapidamente captaram recursos e atrairam dois doidos de carteirinha para o projeto: Jack Nicholson e Bob Rafelson.
Após reuniões a seis, fizeram um "brainstorm" e saiu o roteiro. Muito mais anárquico do que era na série da TV, as referências eram múltiplas: Surrealismo, dadaismo, lisergia, non-sense e psicodelia total.
Um fato curioso aconteceu no primeiro dia de filmagens: Os quatro membros do The Monkees iniciaram uma greve ao saberem que não poderiam ter seu crédito no roteiro por motivos sindicais , mas Jack Nicholson os convenceu a não tumultuarem a filmagem e no dia seguinte estavam prontos para atuar no set.
Então, ficou definida a autoria do roteiro para Bob Rafelson e Jack Nicholson, com Rafelson dirigindo. Além das composições da banda, Carole King e Harry Nilsson compareceram como compositores convidados e com Ken Thorne compondo e regendo a música orquestral e incidental (Fez o mesmo no filme "Help", dos Beatles ).
Atores convidados apareceram , tais como Victor Mature, o veterano ator das décadas de 1940 e 1950 e acusado de ser o maior canastrão de Hollywood (eu não concordo com essa pecha); Anette Funicello (Atriz muito famosa por ser protagonista de uma longa série de filmes ambientados nas praias da California no início dos anos sessenta, comédias musicais leves, sobretudo); Abraham Sofaer (veterano ator muito famoso por atuar em filmes de aventuras infanto-juvenis e com muitas atuações em séries de TV, sobretudo as produzidas por Irwin Allen, como Lost in Space e The Time Tunnel, por exemplo ); Timothy Carey, ator visceral com bons trabalhos realizados com o diretor britânico Stanley Kubrick (The Killing, Path of Glory) e outros.
Além de uma aparição louquíssima de Frank Zappa, de terno e gravata, puxando uma vaca por uma coleira...
Musicalmente os Monkees haviam evoluido muito. Essa loucura psicodélica lhes fez bem, mas lamentavelmente estavam entre a cruz e a espada no mercado. Isso porque seu público que era infanto-juvenil e predominantemente feminino, não gostou desse som "cabeça" e o público rocker, também não, pelo preconceito em torno da banda fake que eram na TV, torcendo o nariz.
Eu particularmente acho um bom trabalho e certamente um amadurecimento da banda.
O filme foi lançado em 6 de novembro de 1968 nos Estados Unidos e foi mal nas resenhas da maioria dos críticos, mas o jornalista Leonard Maltin acabou enaltecendo ao escrever: "Deliciosamente sem enredo, mas vale a pena ver" .
Acho "Head" um momento de auto-afirmação dos Monkees como banda real e não fictícia e o filme, apesar de ser aparentemente sem roteiro como sugeriu o crítico Leonard Maltin, um grande momento da psicodelia americana sessentista, com sua colagem de loucuras lisérgicas esparramando pelo celulóide.
Luiz Antonio Domingues - Músico
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ResponderExcluirParabéns por esse texto riquissímo Luiz!! Monkees estão sempre na minha playlist!! =D Abraço
ResponderExcluirObrigado, Katia !
ExcluirQue legal receber seu apoio sempre benvindo. E quanto aos Monkees, tem que estar sempre no playlist de todo Rocker, como nós.
Abraço !
Mestre Luiz, como sempre, mandando muito nos textos, parabéns!!
ResponderExcluirTambém gosto dos Monkees.
Abraços
Grande Carlinhos !
ExcluirQue legal que gostou !! Somos dois então, que curtimos o trabalho dos Monkees.
Abraço !
Parabéns pelo texto Luiz...muito bom...
ResponderExcluirAbraços
I'm a Believer!!!
Obrigado, Alexandra !!
ExcluirI'm a Believer, too !!
Abraço !
excelente texto luiz,como sempre :)a primeira vez que eu vi este excelente filme foi na sessão da tarde, lá pelos anos 77/78...nossa como a minha infancia/adolescência foi ótima.grandes inflencias musicais,Eldo pop,60 minutos de musica contemporânea ,revista pop... a abertura do filme é memoravel,as sereias a musica...eu fiquei chapado na epoca pelo filme e ainda sou rsr...toda grande obra é criticada.great movie
ResponderExcluir''Head''ever...parabéns pelo texto.
Boas lembranças, Kim !
ExcluirDe fato, por sermos contemporâneos, temos as mesmas lembranças. Vi pela primeira vez em 1977 também, e fiquei igualmente chapado com aquela loucura psicodélica toda. A cena inicial é incrível com o mergulho em câmera lenta e aquela música hipnótica e sensacional.
Obrigado por ler, comentar e elogiar !
Oi, Luiz
ResponderExcluirComo sempre, você escreve um texto ótimo.
Assisti muito os seriados, mas o filme não. Fiquei curiosa. Vou tentar encontrar.
Gostei muito do texto.
Abraços!
Obrigado pela atenção e elogio !
ExcluirRecomendo assistir o filme, pois nele, eles extravasaram na loucura, indo muito além dos limites do seriado.
Abraço !
Oi amigo...
ResponderExcluirEu assistia a todos os episódios dos MonKess...tenho até hj na memória a abertura da série e a música...Acrescento que, seus textos são riquíssimos em informações!!Parabéns...vç escreve muito bem..bjnhs amigo fica com deus.
Oi, Claudia !
ExcluirEu também gostava muito de assistir os Monkees, como série de TV, nos idos de 1968 e com repetições até 1971. Houve uma repetição na TV fechada no início dos anos 1990, mas depois, nunca mais vi.
Obrigado por ler, comentar e elogiar !
Beijo !
Parabens pelo texto.
ResponderExcluirMuita luz em seus caminhos.
Eliana Te
Obrigado, Eliana !
ExcluirMuita luz para você, também !!
Preciosos argumentos, visões diretas e abordagens simples, somados principalmente, ao prazer de propagar a pluralidade da arte, em paixão e vivência. Bendito és aquele que planta a informação e colhe o conhecimento. Obrigado meu amigo Luiz Domingues, por dividir sua visão e tempo para com todos nós. (Altieres Fonseca)
ResponderExcluirhttp://memoriasdaesquina.blogspot.com/
Sempre nessa meta, Altieris. O objetivo meu e do Juma, dono desta Rádio/Blog é sempre difundir cultura, sem dúvida alguma.
ExcluirE sei que é o seu também, em seu ótimo blog.
Abraço !
Esse Luiz é uma enciclopédia!
ResponderExcluirParabéns pela qualidade de informações dos seus textos e pela disposição em transmitir informações! Muito bom!
Que gentil, Amanda !
ExcluirEsforço-me para compartilhar informações ao mesmo tempo que passo a emoção no texto,pois se não for assim, não cativo o leitor e dessa forma, não passo a mensagem.
Obrigado !!